Estamos a uma semana das eleições para o Conjunto CFESS/CRESS e, depois de muitos anos, duas chapas concorrem ao CRESS/DF. Em minha opinião, a existência de duas chapas não deve ser vista como algo negativo. Ao contrário, expressa a mobilização de assistentes sociais do DF e sua disponibilidade para assumir nossa entidade em âmbito distrital. É resultado mais do que legítimo do processo democrático que deve ser fortalecido todos os dias. E ainda, possibilita a nós, assistentes sociais inscritos no CRESS/DF, analisar as propostas e tomar posição sobre a chapa que mais apresenta coerência entre seu programa, a história de seus componentes e sua militância em defesa do Serviço Social, bem como o que propõe para a gestão políticoadministrativa do CRESS e fortalecimento do Conjunto CFESS/CRESS – nosso maior patrimônio.
A análise das propostas das duas chapas é fundamental para balizar nossa posição, apoio e voto. Foi o que fiz para decidir qual a chapa apoiaria e em qual votaria. Percebi que ambas defendem melhorar o atendimento e funcionamento do CRESS/DF, e sua comunicação com os/as profissionais, o que é absolutamente necessário; ambas defendem a luta por direitos humanos e sociais e fortalecimento nas representações do CRESS nos conselhos de políticas e direitos; ambas defendem o fortalecimento da formação com qualidade e maior fiscalização do exercício profissional, dos campos de estágio e das unidades de formação acadêmica. Também conheço a história e militância de componentes das duas chapas, sendo que nas duas têm pessoas que foram meus alunos na graduação em serviço social na UnB e/ou que são atuais alunos no mestrado e/ou no doutorado. A chapa 1 conta também com a presença de um assistente social de muita luta no DF, no Brasil e fora dele, que foi meu orientador de mestrado, meu amigo pessoal e a quem respeito muito: Vicente Faleiros. Mas minhas decisões políticas não passam pelas relações pessoais e meus posicionamentos, por vezes divergentes, dos meus amigos e amigas, não impedem minhas relações de amizade. Minhas decisões políticas são movidas por posicionamentos e afinidades ideo-políticas.
Então, o que difere as duas chapas e que definiu meu apoio e voto na Chapa 2? Foram principalmente quatro elementos:
1. A Chapa 2, em seu programa e blog, desde o início de sua campanha apresentou suas propostas em consonância com aquelas aprovadas no âmbito do Conjunto CFESS/CRESS e fez expressa menção ao CFESS e às deliberações coletivas. Ou seja, do ponto de vista político e estratégico, a chapa 2 do CRESS não se colocou como autônoma e independente das deliberações do Conjunto CFESS/CRESS. O Conjunto não é autoritário e suas deliberações são coletivas, resultado de muita discussão e voto. Nas sociedades democráticas, a posição da maioria deve ser reconhecida e respeitada. Tal posicionamento me leva a acreditar que a Chapa 2, se for eleita, participará democraticamente das lutas do Conjunto CFESS/CRESS e respeitará as decisões votadas e aprovadas em suas instâncias de deliberação, conforme estabelecido no estatuto e na prática política do Conjunto CFESS/CRESS. Não será uma oposição ao CFESS, mas participará das construções coletivas e respeitará as posições aprovadas pela maioria.
2. A Chapa 2, em seu blog e programa, manifestam seu posicionamento contrário à realização de terapias associadas ao título e/ou exercício da profissão de assistente social, conforme Resolução CFESS 569/2010. Esta resolução é resultado de 14 anos de debates no âmbito do Serviço Social e mais intensamente nos últimos cinco anos. Ela é absolutamente coerente com a Lei 8662/1993 e com o Código de Ética Profissional. Embora alguns assistentes sociais tenham se manifestado publicamente contra essa resolução, ela é um instrumento de defesa das particularidades do Serviço Social e o distingue da psicologia. Assim, a chapa 2 assume posicionamento sintonizado com a posição majoritária e hegemônica do Serviço Social brasileiro. Nesse debate, respeitamos profundamente as posições públicas divergentes daquelas defendidas pelo CFESS e nunca defendemos pensamento único ou autoritário, mas em política nos somamos àquele que possuem afinidades teóricas e ideológicas.
3. A Chapa 2, desde o início da campanha, manifestou seu posicionamento contrário à graduação à distância em serviço social, que se apresenta hoje como um dos maiores desafios do Serviço Social brasileiro, e requisita uma luta árdua das entidades da categoria.
4. A Chapa 2 é integrada e conta com o apoio de valorosas/os companheiras/os e militantes históricas/os das lutas do Serviço Social brasileiro e do DF e suas manifestações no debate ocorrido no dia 18 de março de 2011 no auditório do HRAN consolidaram, sem dúvidas e ressalvas, seu apoio à atual gestão do CFESS e à chapa 1 que concorre ao CFESS.
Vivemos tempos sombrios, em que às vezes as oposições não se explicitam verbalmente, mas se efetivam nas formas cotidianas de fazer política e na manifestação de críticas infundadas e que negam a histórica construção democrática coletiva do Conjunto CFESS/CRESS. Por estes argumentos, apoio e votarei na Chapa 2 para o CRESS-DF e na Chapa 1 para o CFESS, porque é tempo de lutar e resistir para assegurar conquistas e avançar na luta emancipatória.
Brasília, 19 de março de 2011
Ivanete Boschetti – Professora da UnB e Presidente do CFESS
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